- É uma mensagem cifrada, Holmes.
O meu companheiro riu por entre dentes, concordando.
- E nada obscura, Watson. É italiano, evidentemente! O A significa que o destinatário é uma mulher. «Cuidado! Cuidado! Cuidado!» Que tal, Watson?
- Creio que acertou.
- Sem a menor dúvida. E uma mensagem urgentíssima, três vezes repetida para sublinhar a urgência. Mas cuidado com quê? Alto... Ele aproximou-se novamente da janela... Vimos outra vez a silhueta difusa de um homem agachado e a pequena chama através do vidro. Tornavam os sinais. Mais repetidamente do que antes, tão rápidos que era difícil segui-los.
- PERICOLO... pericolo... Que é isto, Watson? «Perigo», não é? Sim, por Júpiter, é um sinal de perigo. Outra vez! PERI... Mas, que...
A luz apagara-se subitamente, o quadrado tenuemente iluminado da janela desaparecera e o terceiro andar da casa transformou-se por completo numa tira escura, cercando o enorme edifício com as suas fiadas de caixilhos reluzentes: o último grito de aviso fora repentinamente interrompido. Porquê e por quem? Estas perguntas ocorreram ao mesmo tempo ao espírito de ambos. Holmes, que estava agachado junto à janela, ergueu-se de imediato.
- Isto é grave, Watson - exclamou: - Está em marcha um qualquer plano criminoso! Por que é que uma mensagem assim havia de ser interrompida de maneira tão abrupta? Tenho de avisar a Scotland Yard, mas....não podemos sair daqui numa altura destas!
- Quer que vá à polícia?
-Precisamos de definir a situação um pouco mais claramente. Talvez possa ser interpretada de forma mais inocente.