A Última Aventura de Sherlock Holmes - Cap. 5: A AVENTURA DOS PLANOS BRUCE-PARTINGTON Pág. 89 / 210

- Sabe, eu, nesse tempo não o conhecia bem, Watson. Há que ser discreto quando se fala de assuntos de Estado. Diz bem, ele trabalha para o Governo britânico; mas diria melhor, em certo sentido, se dissesse que Mycroft, às vezes é o Governo britânico.

- Holmes!

- Já calculava que iria surpreendê-lo. Mycroft ganha quatrocentas e cinquenta libras por ano, continua a ser um subordinado, não tem ambições de espécie alguma, não receberá honras nem títulos, mas é o homem mais indispensável do país.

- Como?

- Detém uma posição única, que construiu para si próprio. Nunca houve outra antes nem haverá depois. Mycroft é o cérebro mais ordenado, metódico que se possa imaginar, com uma capacidade fabulosa para armazenar informações. Não existe quem se lhe compare. Os mesmos extraordinários poderes que pus ao serviço da descoberta do crime colocou-os ele ao serviço da sua função. As conclusões de todos os departamentos são-lhe comunicadas; ele é o centro de confronto, o ponto de confirmação, quem tira a bissectriz. Os outros são especialistas; a especialidade dele é a omnisciência. Suponhamos que, um ministro precisa de informação que envolve a Marinha, a Índia, o Canadá e a questão bimetálica; poderá obter dados de cada departamento envolvido, mas só Mycroft é capaz de os perspectivar e dizer logo em que medida cada factor afectará os outros. Começaram por aproveitá-lo como instrumento utilíssimo, de quem todos se lembravam; agora Mycroft é essencial. No seu grande cérebro tudo está classificado e pode ser de imediato utilizado. Não têm conta as vezes em que a sua palavra decidiu a política nacional. Mycroft vive para a sua função. Não pensa noutra coisa, salvo quando como exercício intelectual, se desliga dela a meu pedido para me aconselhar sobre algum dos meus problemazinhos.





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