Disse que ergueu as mãos; teria sido melhor escrever que ergueu os braços porque, quando fez este gesto desesperado, reparei numa particularidade singular: só tinha uma das mãos! Quando as mangas voltaram a descer ao longo dos braços levantados, vi claramente a mão esquerda, mas a direita não passava de um horrível coto definhado. Tirando isto, possuía um ar muito natural, eu tinha-o visto e ouvido tão distintamente que me perguntei se não seria um dos criados hindus de sir Dominick que tinha vindo buscar qualquer coisa ao laboratório. Mas a sua desaparição súbita sugeriu-me uma explicação menos banal. Pus-me de pé com um salto, acendi a vela e examinei atentamente a sala. Como não encontrei nenhum vestígio do meu visitante, tive que admitir que a sua aparição extravasava um tanto do quadro das leis naturais. Não tornei a adormecer; mas a noite terminou sem outro incidente.
Levanto-me sempre cedo, mas o meu tio tinha-se antecipado; andava a caminhar de um lado para o outro no relvado em frente da casa; quando me avistou na soleira da porta, acorreu logo:
- Então? - exclamou. - Viu-o?
- Um hindu com uma só mão?
- Sim.
- Então, vi-o!
Narrei-lhe o que se tinha passado, após o que ele me conduziu ao seu escritório.
- Dispomos de alguns instantes antes do pequeno-almoço - disse-me.