- E então?
- Peço-lhe agora que volte a pegar no funil e que examine o aro superior de cobre. Não está a ver qualquer coisa que se parece com uma letra?
Havia certamente diversos arranhões no aro de cobre; o tempo quase os tinha apagado. Sim, podia tratar-se, de facto, de letras; a última parecia-se vagamente com um B.
- Distingue bem um B?
- Sim.
- Eu também. Tenho, aliás, a certeza de que é um B.
- Mas o fidalgo cujo nome mencionou não tem um R como inicial?
- Exacto! Aqui temos o aspecto apaixonante do caso. Ele possuía este objecto curioso e, no entanto, o dito objecto tinha as iniciais de outro qualquer. Porquê?
- Não faço ideia. E o senhor?
- Tentemos adivinhar. Um pouco mais longe no aro de cobre, não está a ver uma espécie de desenho?
- Sim. Uma coroa, não é?
- Incontestavelmente, é uma coroa. Mas se a olhar à luz do dia, aperceber-se-á de que não se trata de uma coroa vulgar. É uma coroa brasonada, símbolo de uma dignidade nobiliárquica. É constituída por uma alternância de quatro pérolas e de folhas de morangueiro: é uma coroa de marquês. Podemos, por conseguinte, inferir que a pessoa cuja última inicial é um B tinha o direito de usar esta pequena coroa.
- Este banal funil de cabedal teria então pertencido a um marquês?
Dacre sorriu.
- Ou a um membro da família de um marquês. Deduzimos tudo isso deste aro gravado.
- Mas, mais uma vez, que relação com os sonhos? Devo atribuir o súbito sentimento de repulsa, de horror desrazoável, que então me invadiu, a um certo olhar que julguei detectar em Dacre, ou a não sei que subentendido no seu comportamento?
- Recebi mais de uma vez informações muito importantes por intermédio de um sonho - respondeu-me o meu companheiro no tom didáctico que tanto apreciava.