O Dia em que o Mundo Acabou - Cap. 1: Capítulo 1 Pág. 13 / 72

Ter chegado a isto... a insultos e ofensas! De repente, comecei a soluçar... a soluçar, soluços altos, fortes e incontroláveis que se recusavam a ser escondidos. Os meus companheiros olharam-me, surpreendidos. Eu tapei o rosto com as mãos.

- Está tudo bem - disse eu. - Só que... só que é uma pena tão grande!

- Você está doente, jovem amigo, esse é o seu problema - disse lorde John, - Eu achei-o esquisito desde o primeiro momento em que o vi.

- Os seus hábitos, meu caro, não melhoraram nestes últimos três anos - disse Summerlee, a abanar a cabeça. - Eu também não deixei de observar os seus modos estranhos no momento em que nos encontrámos. Não precisa de desperdiçar a sua compreensão, Lorde John. Estas lágrimas são puramente alcoólicas. O homem esteve a beber. A propósito, Lorde John, eu chamei-lhe peralvilho agora há pouco, o que foi, talvez, um pouco indevidamente severo. Mas a palavra recorda-me uma pequena habilidade, trivial mas divertida, que eu costumava possuir. O senhor conhece-me como um austero homem de ciência. Acredita que em tempos eu tive a reputação bem merecida de imitador de sons da quinta? Talvez possa ajudar-vos a passar o tempo de uma forma agradável. Gostariam de ouvir-me cantar como um galo?

- Não senhor - disse Lorde John, que ainda estava profundamente ofendido -, não gostaria.

- A minha imitação da galinha poedeira que acabou de pôr um ovo também era considerada bastante acima da média. Posso aventurar-me?

- Não, senhor, não... certamente que não.

Todavia, apesar desta veemente proibição, o professor Summerlee pousou o cachimbo e entreteve-nos o resto da viagem - ou não conseguiu entreter-nos - com uma sucessão de sons de animais e pássaros que pareciam tão absurdos que as minhas lágrimas se transformaram inesperadamente em gargalhadas ruidosamente alegres que se devem ter tornado bastante histéricas quando olhei para o professor que estava sentado à minha frente e o vi - ou, antes, ouvi - a encarnar o personagem do galo pujante ou do cachorrinho cuja cauda tinha sido pisada.





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