A Harpa do Crente - Cap. 9: A VITÓRIA E A PIEDADE Pág. 104 / 117

nos ouvidos o seu clamor de entusiasmo ao acometê-lo, o sibilar das balas, o grito dos feridos, o som das armas, caindo-lhes das mãos, o gemido doloroso e longo da sua ago-nia, o estertor de moribundos, e o arranco final do morrer. Os dentes me rangeram de cólera, e a lágrima envergonhada de soldado me escorregou pelas faces. O Porto estava descercado; mas quantos valentes caíram nesse dia! Eu ia amaldiçoar os cadáveres dos venci-dos, que ainda por aí jaziam; porém, pareceu-me que eles se alevan-tavam e me diziam: «Lembra-te de que também fomos soldados; lembra-te de que fomos vencidos!» E eu bem sabia que inferno lhes devia ter sido, no momento de expirarem, as ideias de soldado e de vencimento, conglobadas numa só, como tremenda e indelével ignomínia, estampada na fronte do que ia transpor os umbrais do outro mundo.




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