A Harpa do Crente - Cap. 3: A ARRÁBIDA Pág. 52 / 117

Ao pé desse portal, que veste o musgo,

Encontrou-os chorando o sacerdote,

Que da serra descia à meia-noite,

Pelo sino das preces convocado:

Aí os viu ao despontar do dia,

Sob os raios do Sol, ainda chorando,

Passados meses, o burel grosseiro,

O leito de cortiça, e a fervorosa

E contínua oração foram cerrando

Nos corações dos míseros as chagas,

Que o mundo sabe abrir, mas que não cura.

Aqui, depois, qual hálito suave.

Da Primavera, lhes correu a vida,

Até sumir-se no adro do convento,

Debaixo de uma lájea tosca e humilde,

Sem nome, nem palavra, que recorde

O que a terra abrigou no sono extremo.

Eremitério antigo, oh, se pudesses

Dos anos que lá vão contar a história;

Se ora, à voz do cantor, possível fosse

Transudar desse chão, gelado e mudo,

O mudo pranto, em noites dolorosas,

Por náufragos do mundo derramado

Sobre ele, e aos pés da Cruz!.





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