A Harpa do Crente - Cap. 3: A ARRÁBIDA Pág. 53 / 117

.. Se vós pudésseis,

Broncas pedras, falar, o que diríeis!

Quantos nomes mimosos da ventura

Convertidos em fábula das gentes,

Despertariam o eco das montanhas,

Se aos negros troncos do sobreiro antigo

Mandasse o Eterno sussurrar a história

Dos que vieram desnudar-lhe o cepo,

Para um leito formar, onde velassem

Da mágoa, ou do remorso, as longas noites!

Aqui veio, talvez, buscar asilo

Um poderoso, outrora anjo da Terra

Despenhado nas trevas do infortúnio;

Aqui gemeu, talvez, o amor traído,

Ou pela morte convertido em cancro

De infernal desespero; aqui soaram

Do arrependido os últimos gemidos,

Depois da vida derramada em gozos,

Depois do gozo convertido em tédio.

Mas quem foram? Nenhum, depondo em terra

Vestidura mortal, deixou vestígios

De seu breve passar.





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