O sino lutuoso
Não lembrará meu fim:
Preces, que o morto afagam,
Não se erguerão por mim!
O filho dos desertos,
O lobo carniceiro,
Há-de escutar alegre
Meu grito derradeiro!
Ó morte, o sono teu
Só é sono mais largo;
Porém, na juventude,
É o dormi-lo amargo;
Quando na vida nasce
Essa mimosa flor,
Como a cecém suave,
Delicioso amor;
Quando a mente acendida
Crê na ventura e glória;
Quando o presente é tudo.
E inda nada a memória!
Deixar a cara vida,
Então é doloroso,
E o moribundo à Terra
Lança um olhar saudoso.
A taça da existência
No fundo fezes tem;
Mas os primeiros tragos
Doces, bem doces, vem.
E eu morrerei agora
Sem abraçar os meus,
Sem jubiloso um hino
Alevantar aos Céus?
Morrer, morrer, que importa?
Final suspiro, ouvi-lo
Há-de a pátria.