A Harpa do Crente - Cap. 8: D. PEDRO Pág. 94 / 117

te cercará o leito,

Nessa hora pavorosa?

Deus, tu és bom: e o virtuoso em breve

Chamas ao gozo eterno,

E o ímpio deixas saciar de crimes,

Para o sumir no Inferno?

Alma gentil, que assim nos hás deixado,

Entregues à alta dor,

Anjo das preces nos serás, perante

O trono do Senhor:

E quando, cá na Terra, o poderoso

As Leis aos pés calcar,

Junto do teu sepulcro irá o opresso

Seus males deplorar:

Assim, no Oriente, de Albuquerque às cinzas

O desvalido indiano

Mais de uma vez foi demandar vingança

De um déspota inumano.

Mas quem ousará à pátria tua e nossa

Curvar nobre cerviz?

Quem roubará ao lusitano povo

Um povo ser feliz?

Ninguém! Por tua glória os teus soldados

Juram livres viver.

Ai do tirano que primeiro ousasse

Do voto escarnecer!

Nesse abraço final, que nos legaste,

Legaste o génio teu:

Aqui — no coração — nós o guardámos;

Teu génio não morreu.





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