Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 13: CAPÍTULO XIII

Página 206
E a tia Vicência espalhava aquele olhar que prepara o erguer, o arrastar de cadeiras, - quando D. Teotónio, erguendo o seu copo de vinho do Porto, com a outra mão apoiada à mesa, meio erguido, chamou Jacinto, e numa voz respeitosa, quase cava:

- Esta é toda particular, e entre nós... Ao ausente! Esvaziou o copo, como religião, como pontificando. Jacinto bebeu assombrado, sem compreender. As cadeiras arrastavam, - eu dei o braço à tia Albergaria.

E só compreendi, na sala, quando o Dr. Alípio, com a sua chávena de café e o charuto fumegante, me disse, num daqueles seus olhares finos, que lhe valiam a alcunha de «Dr. Agudo». - Espero que ao menos, cá por Guiães, não se erga de novo a forca!... - E o mesmo fino olhar me indicava o D. Teotónio, que arrastara Jacinto para entre as cortinas de uma janela, e discorria, com um ar de fé e de mistério. Era o miguelismo, por Deus! O bom D. Teotónio considerava Jacinto como um hereditário, ferrenho miguelista, - e na sua inesperada vinda ao seu solar de Tormes entrevia uma missão política, o começo de uma propaganda enérgica, e o primeiro passo para uma tentativa de Restauração. E na reserva daqueles cavalheiros, perante o meu Príncipe, eu senti então a suspeita liberal, o receio de uma influência rica, nova, nas eleições, e a nascente irritação contra as velhas ideias, representadas naquele rapaz, tão rico, de civilização tão superior. Quase entornei o café, na alegre surpresa daquela sandice. E retive o Melo Rebelo, que repunha a chávena vazia na bandeja, fitei, com um pouco de riso, o «Dr. Agudo».

- Então, francamente, os amigos imaginam que o Jacinto veio para Tormes trabalhar no miguelismo?

Muito sério, Melo Rebelo chegou o seu grosso bigode à minha orelha: - Até corre, como certo, que o príncipe D.

<< Página Anterior

pág. 206 (Capítulo 13)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Cidade e as Serras
Páginas: 238
Página atual: 206

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I 1
CAPÍTULO II 15
CAPÍTULO III 26
CAPÍTULO IV 41
CAPÍTULO V 62
CAPÍTULO VI 75
CAPÍTULO VII 88
CAPÍTULO VIII 105
CAPÍTULO IX 144
CAPÍTULO X 177
CAPÍTULO XI 188
CAPÍTULO XII 195
CAPÍTULO XIII 201
CAPÍTULO XIV 212
CAPÍTULO XV 220
CAPÍTULO XVI 223