O Crime do Padre Amaro - Cap. 15: Capítulo 15 Pág. 274 / 478

As duas senhoras continuaram caladas até casa de D. Maria da Assunção. Nenhuma queria arriscar primeiro uma palavra sobre aquela possibilidade tão inesperada, tão grave, do senhor pároco voltar para a Rua da Misericórdia! Foi só quando pararam que a S. Joaneira disse, ao puxar a campainha:

- Ai, o senhor pároco realmente não pode ter a Dionísia de portas adentro..,

- Credo, até causa horror!

Foi também a expressão da Sra. D. Maria da Assunção quando lhe contaram, em cima, a doença da Vicência e a instalação da Dionísia: causava horror!

- Que eu não a conheço, disse a excelente senhora. E tenho até vontade de a conhecer. Que me dizem que é dos pés à cabeça uma crosta de pecado!

A S. Joaneira então falou da "proposta do Libaninho". D. Maria da Assunção declarou logo com ardor que era uma inspiração de Nosso Senhor. Que nunca o senhor pároco devia ter saído da Rua da Misericórdia! Até parece que mal ele se fora embora, Deus retirara a sua graça da casa... Não houvera senão desgostos - o Comunicado, a dor de estômago do cônego, a morte da entrevadinha, aquele desgraçado casamento (que estivera por um triz, que horror!), o escândalo do Largo da Sé... A casa tinha parecido enguiçada!... E era até pecado deixar viver o santinho naquele desarranjo, com a suja da Vicência, que nem lhe sabia dar uma passagem nas meias!

- Em parte nenhuma pode estar melhor que em tua casa... Tem tudo o que necessita, de portas adentro... E para ti é uma honra, é estar em graça. Olha, filha, se eu não fosse só, sempre o digo, quem o hospedava era eu! Que aqui é que ele estava bem... Que salinha para ele, hem?

Riam-se-lhe os olhos, contemplando em redor as suas preciosidades.





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