O Grande Gatsby - Cap. 3: Capítulo III Pág. 41 / 173

confiantes que deambulam, se meneiam por aqui e por acolá, entre os mais robustos e mais estáveis, se tornam, por precisos e alegres instantes, o centro de um grupo, e que depois, excitadas de triunfo, continuam a deslizar por entre o tumulto de rostos, vozes e cotes, sob a luz em constante mutação.

De, repente, uma destas ciganas, em trémula opala, agarra um cocktail no ar, bebe-o de um só trago para ganhar coragem e, movendo as mãos como o bailarino Joe Frisco, põe-se a dançar sozinha na plataforma forrada de lona. Há um silêncio momentâneo; o chefe da orquestra altera o seu ritmo obsequiosamente para ela, e há uma explosão de vozearia quando circula a errónea notícia de que ela é a substituta de Gilga Gray, das Follies. Começou a festa.

Creio que na primeira noite que fui a casa de Gatsby eu era um dos poucos presentes que realmente tinham sido convidados. A maior parte das pessoas não eram convidadas - iam lá. Metiam-se em automóveis que as levavam até Long Island e de uma forma ou de outra acabavam sempre por ir parar à porta de Gatsby. Uma vez ali, eram apresentadas por alguém que conhecia Gatsby e daí para a frente conduziam-se de acordo com as regras de comportamento próprias de um parque de diversões. Por vezes vinham e iam sem sequer terem visto Gatsby; vinham para a festa com a simplicidade de coração que era o seu próprio bilhete de entrada.

Mas eu tinha sido realmente convidado. Um motorista de uniforme azul de ovo de pisco atravessou o meu relvado naquele sábado de manhã cedo, com uma nota surpreendentemente formal do respectivo patrão: a honra seria inteiramente de Gatsby, dizia, se eu quisesse comparecer naquela mesma noite à sua «pequena festa». Tinha-me visto já por várias vezes e há muito tempo que tencionava visitar-me, mas uma combinação peculiar de circunstâncias tinha-o impedido disso – assinada Jay Gatsby, em majestosa caligrafia.





Os capítulos deste livro