O Grande Gatsby - Cap. 5: Capítulo V Pág. 82 / 173

Por isso não sei se Gatsby chegou ou não a ir a Coney Island, ou quantas horas mais andou ele a «dar uma vista de olhos aos compartimentos» enquanto a sua casa continuava a fulgurar espalhafatosamente. Na manhã seguinte, telefonei a Daisy, do meu escritório, e convidei-a a ir tomar chá a minha casa.

- Não leve o Tom! - avisei-a.

- O quê?

- Não leve o Tom!

- Quem é o «Tom»? - perguntou ela, inocentemente.

No dia combinado, chovia torrencialmente. Às onze da manhã, um homem de impermeável, arrastando uma máquina de cortar relva, bateu-me à porta da frente e disse que tinha sido o senhor Gatsby que o tinha lá mandado para me cortar a relva. O que me fez lembrar que me tinha esquecido de dizer à minha finlandesa que voltasse e, assim, meti-me no carro a caminho de West Egg Village, para a procurar nas vielas caiadas e empapadas de água e comprar chávenas, limões e flores.

As flores eram desnecessárias, pois às duas da tarde chegou, por encomenda de Gatsby, uma estufa com inúmeros receptáculos lá dentro para acomodar as plantas. Uma hora depois, a porta da frente abriu-se com nervosismo e Gatsby, em fato de flanela branco, camisa cor de prata e gravata cor de ouro, entrou apressadamente. Vinha pálido e com fundas olheiras de insónia.

- Está tudo em ordem? - perguntou imediatamente.

- A relva ficou óptima, se é isso que quer saber.

- Que relva? - perguntou, confundido. - Oh, a relva do pátio. - Olhou para ela através da janela mas, a julgar pela expressão do seu rosto, não creio que tenha visto fosse o que fosse.

- Está com muito bom aspecto - observou vagamente. - Um dos jornais diz que a chuva deve parar por volta das quatro. Acho que é The Journal. Tem tudo o que é preciso para... para tomar chá?

Levei-o à copa, onde ele lançou um olhar algo reprovador à finlandesa.





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