Noites Brancas - Cap. 2: Capítulo 2 Pág. 30 / 67

— Ah, Nastenka — respondi eu —, nunca fui conselheiro de quem quer que fosse, e muito menos um conselheiro inteligente, mas vejo agora que, se continuarmos a conviver desta maneira, isso será já em si inteligente e, portanto, cada um de nós proporcionará ao outro uma grande quantidade de conselhos inteligentes! Então, minha gentil Nastenka, qual é o conselho que me irá pedir? Diga-mo francamente. Agora estou tão alegre, tão feliz, audacioso e inteligente, que as palavras me ocorrerão sem esforço.

— Não, não! — interrompeu Nastenka, rindo-se. — Do que preciso não é somente de um conselho inteligente, mas sim de um conselho vindo do fundo do coração, de um conselho fraterno, como se me tivesse amado durante toda a sua vida!

— De acordo, Nastenka, de acordo! — exclamei num arrebatamento. — E se a amasse desde há vinte anos não a poderia amar mais nem melhor.

— Dê-me a sua mão!

— Ei-la! — respondi, estendendo-lha.

— Vou começar então a minha história!

A HISTORIA DE NASTENKA

— Metade da história sabe-a já o senhor, isto é, sabe que tenho uma velha avó...

— Se a outra metade não é maior do que essa... — interrompi, rindo-me.

— Cale-se e escute. Antes de prosseguir, façamos uma combinação: não me interrompa, pois de outra maneira sou capaz de perder o fio à meada. Então, escute lá com juízo.





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