Noites Brancas - Cap. 2: Capítulo 2 Pág. 36 / 67

«'— O Barbeiro de Sevilha!...', exclamou a avó. 'É o mesmo Barbeiro que levaram noutros tempos?'

«'— Sim, é o mesmo Barbeiro!', disse ele, lançando-me um olhar. Eu já compreendera tudo, corei e o meu coração saltou de esperança!

«'— Como não havia de me lembrar?', disse a avó. 'Lembro-me até muito bem. Eu própria, noutros tempos, fiz o papel de Rosine num teatro de amadores.' ~

«'— Pois bem, a senhora quer vir ouvi-lo hoje?', disse o hóspede. 'De outro modo, o meu bilhete não servirá para nada.'

«'— De facto, se nós fôssemos?', disse a avó. 'Porque não havemos de ir? Veja, a minha Nastenka nunca foi ao teatro.'

«Santo Deus, que alegria! Fomo-nos imediatamente preparar e vestir e salmos. A avó, apesar de ser cega, tinha o desejo de ouvir a música e, além disso, tem bom coração: queria principalmente que eu me distraísse; sozinhas, nunca teríamos ido. Nem lhe direi a impressão que me causou O Barbeiro de Sevilha. Digo-lhe só que durante todo o espectáculo o nosso hóspede me olhou de tal modo, me falou de tal maneira, que vi logo que, nessa manhã, me quisera apenas pôr à prova, quando me propôs que fosse sozinha com ele. Meu Deus, que alegria! Deitei-me tão orgulhosa, tão alegre, o meu coração batia com tanta força, que tive um pequeno acesso de febre e durante toda a noite revivi, no meio do delírio, O Barbeiro de Sevilha.





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