Noites Brancas - Cap. 4: Capítulo 4 Pág. 54 / 67

— Bem, bem.

— Escreva uma carta. Não diga que não! Obrigá-lo-ei a respeitá-la, saberá tudo, e se...

— Não, meu amigo, não interrompeu ela.—Basta! Nem uma palavra, nem uma palavra a meu respeito, nem uma linha; já chega! Já não o conheço, já não o amo, vou esquecê-lo...

Não conseguiu terminar.

— Acalme-se, acalme-se! Sente-se aqui, Nastenka — disse eu, instalando-a no banco.

— Mas estou calma. Basta! Não é nada. São apenas lágrimas, isto secará. Então, julgou que eu me mataria, que me atiraria à água?...

O meu coração estava oprimido. Queria falar, mas não podia.

— Ouça!—continuou, segurando-me a mão.—Diga: não teria agido assim, pois não? Não teria abandonado quem lhe tivesse vindo oferecer voluntariamente o seu amor, não lhe teria lançado ao rosto o imprudente desprezo do seu estúpido coração... Tê-la-ia poupado a isso, não é verdade? Pensaria que estava só, incapaz de se guiar por si mesma, incapaz de se defender do seu amor por si, inocente, sim, inocente, pois afinal... ela nada fez... Meu Deus, meu Deus!...

— Nastenka! — exclamei, por fim, não podendo já superar a minha emoção. — Nastenka, está a torturar-me! Dilacera-me o coração, assassina-me, Nastenka! Não posso mais calar-me! Vejo-me forçado a falar, a dizer-lhe o que se passa no meu coração...





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