Noites Brancas - Cap. 4: Capítulo 4 Pág. 57 / 67

— Sim, sim! Fale-me, fale-me dessa maneira—disse ela com uma indizível animação.—Talvez lhe pareça estranho que lhe diga isto, mas... fale-me, eu falarei depois de si! Dir-lhe-ei tudo!

— Tenha piedade de mim, Nastenka. Só lhe peço que tenha piedade de mim, minha amiga! O que está feito, está feito! O que já se disse já não se pode evitar de dizer. Não é verdade? Pois bem, assim, sabe tudo, agora. Bem, isto é o ponto de partida. Muito bem, Agora está tudo perfeito. Escute-me só por mais uns momentos. Quando estava sentada a chorar, pensava com os meus botões (deixe-me dizer aquilo que penso!), pensava que (já seis Nastenka, é impossível), pensei que a Nastenka.... pensei que, de uma maneira ou de outra... enfim, que de uma maneira completamente... independentes a Nastenka não o amava. Então — já ontem e anteontem, Nastenka, pensei assim —, então pensei que se assim fosse tudo faria de modo que me amasse; não o disse já uma vez—sim, a própria Nastenka já o disse—que estava quase apaixonada por mim? Bem, e depois? Pois bem, tenho pouco mais para dizer: resta apenas acrescentar o que sucederia se fosse correspondido. Mas, a este respeito, nem mais uma palavra! Ouça-me então, minha amiga — pois continua, apesar de tudo, a ser minha amiga, não é verdade? Sou, na verdade, um homem simples, pobre, extremamente insignificante; mas não é disso que se trata (não sei porquê, nunca mais digo aquilo que quero dizer: é por causa da emoção, Nastenka); eu tê-la-ia amado de tal maneira, de tal maneira que, mesmo que o continuasse a amar, a ele, a amar aquele que não conheço, não chegaria a sentir-se incomodada com o meu amor. Teria s6 experimentado, teria apenas sentido, a cada momento, que junto de si batia um coração reconhecido, pleno de reconhecimento, um coração ardente que por si... Oh, Nastenka, Nastenka, o que fez de mim!...





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