Homenagem à Catalunha - Cap. 9: Capítulo 9 Pág. 104 / 193

Devia haver grande quantidade de pessoas, talvez a maioria dos habitantes de Barcelona, que encaravam aquela questão toda sem o menor interesse, ou não mais do que teriam demonstrado por uma incursão aérea inimiga.

Neste capítulo descrevi apenas o que ocorreu comigo, e no próximo deverei examinar tão bem quanto possível as questões mais amplas - o que realmente aconteceu e quais os resultados, méritos e deméritos no caso, quem era responsável, se houvesse. Tão grande foi a exploração política sobre as lutas travadas em Barcelona que se torna importante procurar formar um apanhado geral equilibrado das mesmas. Muita coisa, suficiente para preencher bom número de livros, já se escreveu a respeito, e suponho não estar exagerando se disser que nove décimos da matéria estão formados de inverdades. Quase todas as narrativas e reportagens publicadas na ocasião pelos jornais eram invencionice de jornalistas situados bem longe dos acontecimentos, e não apenas se mostraram imprecisas quanto aos fatos narrados, como eram intencionalmente enganosas. Apenas um dos lados da questão pôde chegar ao público em geral. Igualmente a todos que se encontravam em Barcelona na época, vi apenas o que ocorreu perto de mim, mas pude ver e ouvir o suficiente para contradizer numerosas mentiras postas em circulação. Como fiz em parte anterior deste livro, sugiro ao leitor que, se não estiver interessado na controvérsia política e no conglomerado de partidos e subpartidos, com seus nomes confusos (parecidos aos de generais numa guerra chinesa), passe por cima do capítulo seguinte. É horrível ter de entrar em detalhes na polêmica interpartidária, e essa tarefa pode ser comparada ao mergulho dado numa sentina. Precisamos determinar a verdade, todavia, até onde isso for possível. Aquela refrega esquálida numa cidade distante é mais importante do que possa parecer à primeira vista.





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