Homenagem à Catalunha - Cap. 10: Capítulo 10 Pág. 106 / 193

Em 6 de maio chegou-se a um armistício, mas logo irrompia novamente a luta, provavelmente devido a tentativas prematuras, feitas pelos Guardas Civis, no sentido de desarmar os trabalhadores da C.N.T. Na manhã seguinte, todavia, as pessoas começavam a abandonar as barricadas por sua própria conta. Até a noite de 5 de maio, mais ou menos, a C.N.T. estava ganhando, e grande número de Guardas Civis havia capitulado. Mas não existia qualquer liderança de aceitação geral, nem um plano fixo; na verdade, até onde se podia perceber, não existia plano algum, exceto uma vaga decisão de resistir aos Guardas Civis. Os dirigentes oficiais da C.N.T. juntaram-se aos da U.G.T., implorando a todos que regressassem ao trabalho e, acima de tudo, os gêneros alimentícios escasseavam. Em tais circunstâncias, ninguém podia estar suficientemente seguro sobre a questão para continuar lutando. Na tarde de 7 de maio as condições da cidade apresentavam-se quase normais. Naquela noite seis mil Guardas de Assalto, mandados pelo mar desde Valência, chegavam e assumiam o controle da cidade. O Governo expediu ordem de entrega de todas as armas, exceto as que estavam em poder das forças regulares, e nos dias seguintes foram apreendidas grandes quantidades das mesmas. As baixas ocorridas durante a luta eram oficialmente anunciadas como alcançando quatrocentos mortos e perto de mil feridos. Quatrocentos mortos talvez constitua exagero, mas não há modo de verificar isso.

Em segundo lugar, temos os efeitos posteriores da luta. É claramente impossível dizer com qualquer grau de certeza quais foram. Não existe prova ou indicação de que a explosão tenha apresentado qualquer efeito direto sobre o curso da guerra, embora seja claro que teria, caso prosseguisse por mais alguns dias. Ela serviu de pretexto para colocar a Cataluña sob controle direto de Valência, apressar a dissolução das milícias e suprimir o P.O.U.M e com certeza teve participação na derrubada do governo de Caballero. Mas podemos ter como certo que tais coisas ocorreriam, de qualquer maneira. A questão verdadeira é saber se os trabalhadores da C.N.T., que saíram às ruas para lutar, ganharam ou perderam com isso. Nesse particular só se pode adivinhar, mas minha opinião pessoal é de que eles ganharam mais do que perderam. A tomada do Centro Telefônico de Barcelona constituía apenas um incidente em longa série. Desde o ano anterior o poder direto fora gradualmente retirado dos sindicatos, e o movimento geral era o de sair-se do controle pela classe trabalhadora e dirigir-se ao controle centralizado, que conduzia ao capitalismo de estado ou, mesmo, à reintrodução do capitalismo privado.





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