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Capítulo 10: Capítulo 10

Página 107
O fato de que, nesse ponto, surgisse a resistência que surgiu, veio provavelmente retardar aquele processo de transferência do poder. Um ano após eclodir a guerra os trabalhadores catalães perderam grande parte de seu poder, mas sua posição continuava comparativamente favorável. Poderia sê-lo muito menos, se eles tornassem claro que ficariam inermes, qualquer que fosse a provocação recebida. Há ocasiões em que é melhor lutar e apanhar do que fugir à luta.

Em terceiro lugar, havia algum intuito na explosão? Tratava-se de algum tipo de coup d'état, ou tentativa revolucionária? Visava, de modo definido, à derrubada do Governo? Teria sido preparado com antecedência?

A meu ver, a luta só foi preparada com antecedência no sentido de que todos já esperavam seu aparecimento. Não havia qualquer sinal de plano definido em ambos os lados. Na fação anarquista, a ação foi quase certamente espontânea, pois em sua maior parte não passou de uma questão tratada por seus quadros subordinados. O povo foi às ruas e seus dirigentes políticos acompanharam-no com relutância, ou não o acompanharam de modo algum. Os únicos que sequer falavam num traço revolucionário para aqueles acontecimentos eram os Amigos de Durruti, um pequeno grupo extremista dentro da F.A.I., e o P.O.U.M. Mas também eles seguiam os outros. Os Amigos de Durruti distribuíram algum tipo de panfleto revolucionário, mas o mesmo só apareceu em 5 de maio, e não se pode afirmar que tenha dado início à luta, que começara por si própria dois dias antes. Os dirigentes oficiais da C.N.T. desautorizaram a questão desde o início, Havia muitos motivos para isso. Para começar, a C.N.T. continuava representada no Governo e no Generalato, a assegurar que seus dirigentes seriam mais conservadores do que os seus seguidores. Em segundo lugar, o objetivo principal dos dirigentes da C.N.T. era formar aliança com a U.G.T., e a luta viria aumentar a cisão entre as duas organizações de trabalhadores, pelo menos naquela ocasião. Em terceiro - a despeito do fato desfrutar pouco conhecimento geral na época - os dirigentes anarquistas receavam que se as coisas ultrapassassem certo ponto e os trabalhadores se apoderassem da cidade, como talvez estivessem em condições de fazer em 5 de maio, ocorreria uma intervenção estrangeira. Um cruzador e dois destróieres ingleses aproximaram-se do porto, e certamente outros vasos de guerra estavam próximos a Barcelona. Os jornais ingleses afirmavam que aqueles navios seguiam para lá "a fim de protegerem os interesses britânicos", mas na verdade não deram qualquer passo nesse sentido, isto é, não desembarcaram tropa, nem receberam refugiados.

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Capa do livro Homenagem à Catalunha
Páginas: 193
Página atual: 107

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 12
Capítulo 3 19
Capítulo 4 32
Capítulo 5 39
Capítulo 6 51
Capítulo 7 64
Capítulo 8 70
Capítulo 9 81
Capítulo 10 105
Capítulo 11 130
Capítulo 12 142
Capítulo 13 157
Capítulo 14 173