Homenagem à Catalunha - Cap. 8: Capítulo 8 Pág. 80 / 193

Como era natural, muito possivelmente todos esses assassinatos tinham por autor os agents prouocateurs. Pode-se aferir a atitude da imprensa capitalista estrangeira para com a luta entre comunistas e anarquistas pelo fato de que o assassinato de Roldan recebeu ampla publicidade, enquanto o outro, cometido em represália, permaneceu cuidadosamente omitido.

Aproximava-se o Primeiro de Maio, e falava-se numa demonstração-monstro em que tanto a C.N.T. quanto a U.G.T. deveriam participar. Os dirigentes da C.N.T., mais moderados do que muitos de seus seguidores, desde muito trabalhavam por uma reconciliação com a U.G.T. e, na verdade, a nota básica de sua doutrina era procurar formar os dois blocos de sindicatos em uma única e enorme coalizão. A ideia era de que a C.N.T. e a U.G.T. deviam marchar juntas e demonstrar sua solidariedade. Mas ao último instante a demonstração era cancelada. Tornava-se perfeitamente claro que só serviria para causar desordens públicas, de modo que nada ocorreu no primeiro dia de maio. Era um estado de coisas bastante bizarro, Barcelona, a chamada cidade revolucionária, foi provavelmente a única cidade na Europa não fascista que não efetuou qualquer celebração naquele dia. Mas reconheço que senti grande alívio com isso. O contingente da I.L.P. deveria marchar na seção do P.O.U.M. e todos esperavam barulho. A última coisa que eu podia desejar era estar misturado em alguma luta de rua, destituída de sentido. Marchar pela rua, atrás de bandeiras vermelhas onde se liam refrões elevados, e depois disso ser morto por tiro disparado de uma janela qualquer por algum estranho, equipado com submetralhadora - não é o que penso ser uma morte útil.





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