As Viagens de Gulliver - Cap. 4: Capítulo II Pág. 106 / 339

Atravessámos mais de cinco ou seis rios com maior largura e profundidade, que o Nilo e o Ganges; de resto, qualquer arroio tinha um caudal idêntico ao do Tamisa, quando passa por London Bridge.

Estivemos seis semanas de viagem e, durante este tempo, exibiram-me em público em dezoito grandes cidades, para não falar de muitas aldeias e casas particulares. A 26 de Outubro chegámos à capital, chamada naquele idioma Lorbrulgrud ou o Orgulho do Universo. O meu amo arranjou habitação na avenida mais importante, perto do palácio imperial e, como era costume, pôs cartazes em que se descrevia com minúcia a minha pessoa e as minhas habilidades. Alugou uma casa espaçosa de trezentos ou quatrocentos pés de largura, arranjou uma mesa de setenta pés de diâmetro sobre a qual devia actuar e rodeou-a com uma paliçada de três pés de altura e a três pés da beira para prevenir uma eventual queda. Perante a admiração e satisfação gerais, fiz dez actuações diárias. Já falava aquela língua de forma aceitável e percebia perfeitamente tudo o que me diziam; também aprendera o seu abecedário, a que podia recorrer para dar algumas explicações, pois Glumdalditch fora a minha mestra em casa e nos períodos de descanso das viagens; para isso levava um breviário da sua religião muito vulgar entre as meninas, um pouco maior que o Atlas de Sanson; nele aprendi a ler e a escrever.





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