Seguidamente disse à rainha que, uma vez que era agora o seu servidor, o mais humilde dos vassalos de Sua Majestade, pedia o favor para que Glumdalclitch, que sempre me tratara com tanta amabilidade, cuidado e compreensão, pudesse ser admitida a seu serviço, continuando assim como minha ama-seca e instrutora. Sua Majestade acedeu à minha petição e obteve com facilidade o consentimento do lavrador, que ficou extremamente contente por a filha ficar na corte, tal como esta pobre criança que não podia ocultar a alegria. O meu antigo amo retirou-se dizendo que me deixava em boas mãos, ao que não respondi, limitando-me a fazer-lhe uma ligeira vénia.
A rainha apercebeu-se da minha frieza e, quando o lavrador saiu, perguntou-me a razão de tal atitude. Enchi-me de coragem para dizer a Sua Majestade que não tinha mais obrigações para com o meu anterior amo, excepto as que derivavam do facto de não ter esmagado a cabeça de uma criatura inofensiva que fora encontrada por casualidade nos seus campos e que tal obrigação fora amplamente compensada pelos lucros que obtivera exibindo-me por todo o reino e pelo preço da minha venda.