As Viagens de Gulliver - Cap. 5: Capítulo III Pág. 193 / 339

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Decorreram oito meses antes que o rei recebesse notícias fidedignas desta rebelião dos lindalianos. Ordenou que a ilha fosse colocada na vertical da cidade. Os rebeldes apoiavam unanimemente a causa e tinham-se abastecido com provisões. Um grande rio divide a cidade em duas partes iguais. O rei fez pairar a ilha sobre a cidade para a privar de chuva e de Sol. Deu ordens para se pendurarem numerosos cabos, mas ninguém se dignou a prender neles a mais ínfima das petições. Pelo contrário, foram postas reivindicações muito insolentes, a reclamação por danos e prejuízos, a exigência de chuvas intensas e outras enormidades semelhantes. Perante isto, Sua Majestade ordenou a todos os habitantes da ilha que lançassem pedras sobre a cidade, a partir da galeria inferior; mas os cidadãos tinham previsto tal contingência e tinham-se instalado, com os bens, nas quatro torres e noutros edifícios sólidos e em grutas abobadadas.

O rei, decidido a submeter esta orgulhosa cidade, deu ordens para que a ilha descesse novamente, ficando a cerca de quarenta jardas da parte superior das quatro torres e do promontório. A ordem foi executada, mas os pilotos responsáveis pela manobra verificaram que a descida era muito mais rápida que o normal. Quando giraram o íman, conseguiram pará-la com grande dificuldade: a ilha tendia a cair. Informaram de imediato o rei deste espantoso acontecimento e solicitaram-lhe autorização para subi-la um pouco mais; o rei concordou, reuniu-se o conselho geral e ordenou-se que os manobradores do íman estivessem presentes. Um deles, um dos mais velhos e competentes, obteve autorização para efectuar uma experiência





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