As Viagens de Gulliver - Cap. 5: Capítulo III Pág. 204 / 339

Para dizer a verdade, a experiência demonstrara que o procedimento era custoso, difícil de pôr em prática e pouco produtivo, e a colheita nula ou escassa, Apesar disso, não há dúvida de que esse invento é susceptível de grandes aperfeiçoamentos.

Entrei noutra sala cujas paredes e tectos estavam cheias de teias de aranha: dispunha só de um estreito corredor para se circular. Mal tinha entrado, gritaram-me para não fazer mal às aranhas. Lamentava o cientista o erro infeliz da humanidade em utilizar bichos-da-seda quando existe tanta abundância de insectos domésticos que ultrapassam em muito aqueles pois, além de fiarem, tecem. Acresce ainda que, graças ao emprego de aranhas, o custo de dar cor à seda seria nulo. Disso me convenci completamente quando me mostraram um grande enxame de moscas de belíssimas cores com que alimentavam as aranhas, assegurando-me que as teias de aranha adquiriam os seus matizes; e como as havia de todas as tonalidades, contavam satisfazer o gosto de todos, logo que se encontrasse alimento adequado para as moscas à base de goma, óleo e outras substâncias aglutinantes que proporcionariam aos fios a força e consistência requeridas.

Havia um astrónomo que pretendia colocar um relógio de sol no catavento principal da municipalidade, pelo que devia adequar os movimentos anuais e diários da-Terra e do Sol às mudanças acidentais de vento.

Estava com um ligeiro ataque de colite pelo que o meu guia me conduziu ao aposento onde residia um conhecido médico, famoso por curar este mal, fazendo com que os órgãos funcionassem ao contrário. Tinha um grande fole com uma ponta de marfim delgada e comprida. Introduzia-o até oito polegadas no ânus e, quando aspirava o ar, afirmava que os intestinos ficavam tão lisos como uma bexiga vazia.





Os capítulos deste livro