As Viagens de Gulliver - Cap. 5: Capítulo III Pág. 221 / 339

Agradeci humildemente a Sua Alteza este enorme favor. Encontrávamo-nos numa sala onde se tinha uma belíssima vista para o parque. E como o meu primeiro capricho estava relacionado com cenas de pompa e esplendor, o primeiro desejo foi ver Alexandre Magno como comandante do seu exército imediatamente após a batalha de Arbela. Com um movimento do dedo do governador, este imperador apareceu num vasto campo sob a janela em que nos encontrávamos. Alexandre foi chamado à sala. Compreendi o seu grego com dificuldade, enquanto que com o meu não podia ir muito longe. Garantiu-me, por sua honra, que não morrera envenenado mas de febre, sequela de uma orgia.

Seguidamente vi Aníbal cruzando os Alpes; assegurou-me que não havia uma gota de vinagre no seu acampamento.

Contemplei César e Pompeu à frente dos seus exércitos, prontos para entrar em combate. Vi o primeiro no seu último triunfo. Pedi para o senado romano aparecer numa ampla sala e que, noutra contígua, surgisse um parlamento moderno para completar o quadro. O primeiro parecia uma assembleia de heróis e de semideuses; o segundo, um grupo de bufarinheiros, salteadores, ratoneiros e gente sem honra.

A meu pedido, o governador ordenou que César e Bruto se aproximassem. Ao contemplar Bruto fiquei profundamente comovido e pude encontrar facilmente no seu rosto a virtude mais completa, a maior intrepidez e firmeza de espírito, o patriotismo mais sincero e um grande amor pela humanidade. Observei com grande satisfação que as duas figuras pareciam entender-se bem e César confessou-me abertamente que as maiores gestas da sua vida empalideciam ante a façanha do homem que lhe dera a morte.





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