As Viagens de Gulliver - Cap. 5: Capítulo III Pág. 226 / 339

Quantos inocentes e homens de bem condenados à morte ou desterrados pela pressão de indivíduos, que desempenhavam altos cargos, sobre juízes corrompidos e pelas rivalidades de facções! Quantos vilões elevados com proveito às mais elevadas posições, que deviam ser desempenhadas, pelo poder envolvido, com verdade e dignidade! Quão grande a participação nos assuntos e acontecimentos da corte tiveram alcoviteiros, prostitutas, chulos, parasitas e bufarinheiros! Que opinião tão baixa tive da capacidade e integridade dos homens ao descobrir os verdadeiros motivos e incentivos das grandes gestas e revoluções, e o desprezível percurso dos que atingiram sucesso!

Ali foi-me revelada a má fé e ignorância dos que pretendem escrever episódios ou história secreta, que com uma taça de veneno lançam tantos reis para o túmulo; que repetem a conversa confidencial e sem testemunhas de um príncipe com o seu primeiro-ministro; que desvendam os segredos da mente e dos arquivos de embaixadores e secretários de Estado e têm a permanente infelicidade de se enganarem. Ali, descobri os móbiles secretos de acontecimentos importantes e variados que surpreenderam a opinião pública: como uma prostituta pode governar uma camarilha, uma camarilha o Conselho, eo Conselho o Senado. Confessou-me um general que vencera apenas graças à cobardia e à indisciplina; e um almirante derrotara o inimigo devido a um erro, quando se preparava para que toda a sua esquadra se rendesse. Três reis confirmaram-me que, no decurso dos seus reinados, nunca tinham promovido uma pessoa de mérito, a não ser por um mal-entendido, ou por erro, ou por má fé de ministros em quem tinham depositado confiança.





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