Terminada a refeição, o anfitrião falou comigo à parte e, com gestos e palavras, deu-me a entender quanto estava preocupado porque eu nada tinha para comer. No idioma deles, aveia chama-se hlunnh. Pronunciou esta palavra duas ou três vezes; ainda que de início a tivesse rechaçado, pensei melhor, sabendo que com ela era possível fazer uma espécie de pão que, juntamente com o leite, bastariam para manter-me até que tivesse oportunidade para fugir para um país que tivesse seres da minha espécie. De imediato o cavalo indicou a uma égua branca, criada da casa, que me trouxesse uma boa ração de aveia numa bandeja de madeira. Aqueci os grãos ao lume e, depois, esfreguei-os com as mãos até que a casca saltou; em seguida, retirei o grão, triturei-o e esmaguei-o com a ajuda de duas pedras. Misturei água e fiz uma massa em forma de torta que pus ao lume, tomando-a, quente, com leite. De início achei esta dieta muito insípida, embora seja bastante vulgar em muitas regiões da Europa. Mas com o tempo acabei por habituar-me e, como já passara por tantas vicissitudes na vida, não era esta a primeira vez que comprovava a facilidade com que se satisfaz a natureza.