As Viagens de Gulliver - Cap. 3: Capítulo I Pág. 33 / 339

A cerimónia é celebrada na câmara magna estatal de Sua Majestade, onde os candidatos são submetidos a uma prova especial, muito diferente da anteriormente descrita, e sem qualquer comparação possível com o que se passa em qualquer país do velho ou do novo continente. Os candidatos avançam um a um para um bastão que o imperador sustém nas mãos, em paralelo com a linha do horizonte e, conforme o bastão suba ou desça, tentam saltar por cima dele ou arrastar-se sob ele, repetidamente, para trás ou para a frente. Às vezes o imperador segura num extremo do bastão e o primeiro-ministro noutro. Ao que mostra mais agilidade e aguenta mais tempo a saltar, dá-se-lhe como recompensa a fita azul; ao segundo entrega-se-lhe a vermelha, e a verde ao terceiro; todos as colocam com duas voltas à cintura e todas as personalidades desta corte possuem uma destas condecorações.

Os cavalos do exército e os das cavalariças reais, devido a fazerem exercícios à minha frente todos os dias, já não se mostravam receosos, aproximando-se mesmo dos meus pés sem sobressalto. Com a minha mão estendida no solo, os cavaleiros usavam-na como obstáculo para saltarem; um dos monteiros do imperador, sobre um vigoroso cavalo de corridas, saltou sobre o meu pé calçado, o que constituiu um salto prodigioso. Um dia tive a grande fortuna de divertir o imperador de um modo extraordinário. Solicitei-lhe que ordenasse que me trouxessem vários paus de dois pés de altura e com a espessura de um bastão vulgar; Sua Majestade deu ordens para que o seu couteiro-mor tomasse as devidas providências para este efeito; no dia seguinte chegaram seis guardas-florestais com outras tantas carruagens puxadas, cada uma delas, por oito cavalos.





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