As Viagens de Gulliver - Cap. 6: Capítulo IV Pág. 332 / 339

CAPÍTULO XII

Veracidade do autor. Intenção de publicar este livro. Crítica aos viajantes que atraiçoam a verdade. O autor exime-se de qualquer finalidade perversa com este escrito. Resposta a uma objecção. Método de colonização. Elogio do seu país natal Justificação dos direitos da coroa sobre os países descritos pelo autor. Dificuldade de conquista-los. O autor despede-se do leitor, sugere o seu modo de viver para o futuro, dá bons conselhos e conclui.

Proporcionei-lhe, pois, amável leitor, um fiel relato das minhas viagens realizadas durante dezasseis anos e cerca de sete meses procurando cuidar mais da verdade que de figuras de estilo. Seguramente que teria podido espantar como o fazem tantos outros com histórias absurdas ou incríveis; mas preferi relatar factos correntes de forma e com um estilo mais simples, dado que o meu objectivo principal consiste mais em informar do que em divertir.

Para aqueles que têm viajado por países remotos, raramente visitados por ingleses ou outros europeus, é fácil proporcionar descrições assombrosas de animais terrestres ou marinhos. No entanto, o objectivo principal de um viajante deveria ser o de tornar a humanidade mais prudente e melhor e de aperfeiçoar o espírito com os bons e maus exemplos que encontrou nessas regiões.

De todo o coração desejo que se promulgue uma lei obrigando todos os viajantes, antes de serem autorizados a publicar o seu relato de viagens, a efectuar um solene juramento perante o lorde chanceler de que tudo o que se propõem publicar corresponde inteiramente à verdade. O público não seria, assim, enganado com as falsidades mais grosseiras, cujo objectivo consiste na grande difusão das obras.





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