Alice no País das Maravilhas - Cap. 3: 3 - Uma Corrida Eleitoral e uma Longa História Pág. 17 / 91

“E o que é uma corrida eleitoral?” perguntou Alice, não porque quisesse realmente saber, mas porque o Dodo fizera uma pausa, como se alguém devesse perguntar, mas ninguém parecia inclinado a dizer nada.

“Ora”, disse o Dodo, “a melhor maneira de explicar isso é fazer.” (E como vocês talvez queiram experimentar essa tal corrida em algum dia de inverno, vou contar-lhes exatamente o que fez o Dodo.)

Primeiro demarcou a pista, traçando uma espécie de círculo (“a forma exata não importa muito”, explicou ele), depois toda a turma foi colocada em fila ao longo da pista, aqui e acolá. Não havia nada de “Um, dois, três, já!”, pois cada um começava a correr quando quisesse, e parava também quando quisesse, de modo que não era nada fácil saber quando a corrida terminava. Todavia, depois de terem corrido por mais ou menos meia hora e estarem já quase secos de novo, o Dodo gritou de repente: “Acabou a corrida!” E todos se juntaram em torno dele, ofegantes, perguntando: “Mas quem ganhou?”

O Dodo teve de refletir muito antes de responder a essa pergunta. Ficou por longo tempo com um dedo apoiado sobre a fronte (na mesma posição em que geralmente se vê retratado Shakespeare), enquanto todos esperavam em silêncio. Enfim, o Dodo falou: “todo mundo ganhou, e todos devem ser premiados”.

“Mas quem vai dar os prêmios?” indagou um coro de vozes.

“Ora, ela, é claro”, respondeu o Dodo, apontando com um dedo para Alice. E todo o grupo ajuntou-se em volta dela, numa confusão, clamando: “Prêmios! Prêmios!”

Alice não tinha a menor ideia do que fazer; desesperada, meteu a mão no bolso, tirou uma caixa de confeitos (por sorte a água salgada não tinha entrado ali) e começou a distribuí-los como prêmios. Tinha exatamente um para cada.





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