Alice no País das Maravilhas - Cap. 6: 6 - O Porco e a Pimenta Pág. 41 / 91

Ela pronunciou a última palavra com tal violência que Alice quase deu um pulo; mas logo percebeu que se dirigia ao bebê, e não a ela; então tomou coragem e prosseguiu:

“Eu não sabia que gatos de Cheshire sempre sorriem; para dizer a verdade, eu não sabia que gatos podiam sorrir.”

“Todos podem”, disse a Duquesa, “e a maior parte o faz.”

“Não conheço nenhum que o faça”, disse Alice muito polidamente, sentindo-se assaz satisfeita de ter começado uma conversa.

“Você não sabe muita coisa”, disse a Duquesa, “esta é a verdade.”

Alice não gostou nada do tom dessa observação, e achou que seria melhor introduzir um outro assunto na conversa. Enquanto tentava encontrar um, a cozinheira tirou o caldeirão de sopa do fogo e, de repente, começou a atirar tudo o que estava a seu alcance na Duquesa e no bebê: primeiro foram os utensílios de ferro; depois, uma chuva de frigideiras, travessas e pratos. A Duquesa não prestou a menor atenção, mesmo quando atingida, e o bebê já estava berrando tanto que era impossível dizer se os golpes o atingiram ou não.

“Por favor, preste atenção no que está fazendo!”gritou Alice, pulando aterrorizada. “Oh, lá se vai seu precioso nariz!” exclamou enquanto uma frigideira extraordinariamente grande voava rente ao nariz do bebê e quase o arrancava fora.

“Se todos se preocupassem com suas próprias coisas”, disse a Duquesa num áspero grunhido, “o mundo giraria muito mais rápido.”

“O que não seria nenhuma vantagem”, falou Alice, sentindo-se muito feliz por ter uma oportunidade de mostrar um pouco de seus conhecimentos. “Imagine só o que aconteceria com o dia e a noite! A senhora sabe que a terra leva vinte e quatro horas para em torno de seu próprio eixo executar uma rotação...”





Os capítulos deste livro