“Falando em execução”, disse a Duquesa, “cortem-lhe a cabeça!”
Alice lançou um olhar cheio de ansiedade para a cozinheira, para ver se ela pretendia aceitar a sugestão; mas a cozinheira continuava empenhada em mexer a sopa e parecia nem escutar. Então, ela continuou: “Vinte e quatro horas, eu acho... ou seriam doze? Eu...”
“Oh, não me aborreça!” disse a Duquesa. “Eu jamais suportei cifras!” E então recomeçou a acalentar seu bebê, cantando uma espécie de canção de embalar e dando-lhe um violento safanão ao fim de cada verso:
“Espanca de forma violenta
Teu filho, se espirrar,
Ele sabe que isso atormenta,
E quer nos irritar.”
CORO
(em que entram a cozinheira e o bebê)
“Irra! Irra! Irra!”
Enquanto a Duquesa cantava a segunda estrofe da canção, continuava sacudindo-o violentamente de um lado para o outro, e o pobrezinho berrava tanto, que Alice mal pôde ouvir as palavras:
“Vou ter de tornar-me violenta
Com ele, se espirrar,
Pois pode apreciar a pimenta
Se assim o desejar.”
CORO
“Irra! Irra! Irra!”
“Tome! Pode embalá-lo um pouquinho, se quiser!” disse a Duquesa a Alice, arremessando-lhe o bebê enquanto falava. “Eu tenho de aprontar-me para jogar croquet com a Rainha”, e saiu apressada. A cozinheira atirou-lhe uma frigideira enquanto ela se afastava, mas não acertou.
Alice pegou o bebê com certa dificuldade, pois ele era uma criaturinha de formato estranho, com braços e pernas esticados em todas as direções, “tal qual uma estrela-do-mar”, pensou Alice. O pobrezinho estava bufando como uma locomotiva quando ela o tomou nos braços, e continuou contorcendo-se e esticando-se por um ou dois minutos, de tal modo que o máximo que ela podia fazer era tentar segurá-lo.