a minha incomparável firmeza! Que lhe quereis, rainhas? Por que a perseguis, imperatrizes? Por que a acossais, donzelas de menos de quinze anos? Deixai! deixai à mísera que triunfe e desfrute a fortuna que Deus lhe quis dar, em render-lhe o meu coração e em entregar-lhe a minha alma. Vede, caterva enamorada, que só para Dulcineia sou de manteiga, e para todas as outras sou pedra: para ela sou mel, e fel para vós outras: para mim só Dulcineia é formosa, discreta, honesta, galharda e bem-nascida, e as outras são feias, tolas, levianas e de pior linhagem:
para eu ser dela e de mais ninguém me arrojou a natureza ao mundo. Chora, canta, Altisidora!
Desespere-se a madama, por causa de quem me desancaram no castelo do mouro encantado, que eu tenho de ser de Dulcineia, cozido ou assado, limpo, bem-criado e honesto, apesar de todas as potestades feiticeiras da terra.
E com isto fechou de golpe a janela, e despeitado e pressuroso, como se lhe houvesse acontecido alguma grande desgraça, deitou-se no seu leito, onde agora o deixaremos, porque nos está chamando o grande Sancho Pança ao seu famoso governo.