A Última Aventura de Sherlock Holmes - Cap. 8: A AVENTURA DO PÉ DO DIABO Pág. 164 / 210

A antiga língua da Cornualha prendera também a sua atenção; Holmes concebera a ideia, lembro-me bem, de que tinha semelhanças com a caldaica e tivera, em grande parte, origem nos mercadores fenícios de estanho. Havia recebido uma encomenda de livros sobre filologia e dispunha-se a desenvolver a sua tese quando, subitamente, para meu pesar e sua indisfarçada delícia, nos vimos, até naquela terra de sonhos, mergulhados num problema, mesmo à nossa porta, mais intenso, mais absorvente e infinitamente mais misterioso do que qualquer daqueles que nos afastara de Londres. A nossa vida simples, a nossa pacífica e saudável rotina foram violentamente interrompidas e achámo-nos precipitados no meio de uma série de acontecimentos que provocaram a maior excitação não apenas na Cornualha, mas em todo o Oeste inglês. Muito dos meus leitores recordar-se-ão do que na época foi chamado «O Horror da Cornualha», não obstante a grande imperfeição dos relatos que a Imprensa londrina publicou. Hoje, treze anos depois, darei a público os pormenores exactos deste inconcebível caso.

Já disse que torres dispersas assinalavam as aldeias que salpicavam esta parte da Cornualha. A mais próxima era o lugarejo de Tredannick Wollas, onde as casas de duas centenas de habitantes se agrupavam à roda de uma antiga igreja coberta de musgo. O vigário da paróquia, Mr. Roundhay, possuía algo de arqueólogo e, nessa qualidade, Holmes relacionara-se com ele. Era um homem de meia-idade, imponente e afável, bom conhecedor da sua aldeia. Tínhamos tomado chá no vicariato, a seu convite, e conhecido Mr. Mortimer Tregennis, um cavalheiro independente que concorria para os escassos recursos do clérigo, alugando-lhe aposentos na sua ampla e solitária residência.





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