Histórias Extraordinárias - Cap. 3: O PARASITA Pág. 56 / 136

Mas quando me acho junto dela, não me sinto assim. Desperta algo em mim - algo de mau -, algo em que eu gostaria de não pensar. Paralisa o que de melhor existe na minha natureza, ao mesmo tempo que lhe estimula o que há de pior.

Decididamente não é bom para mim ficar junto dela. O último serão foi mais perigoso do que o outro.

Em vez de fugir, fiquei ali, a minha mão nas dela, e a conversar sobre os temas mais íntimos. Entre outras coisas, falámos de Agathe.

O que eu fui capaz de sonhar!

Miss Penelosa disse que Agathe era banal e eu dei-lhe razão.

Falou-me mais uma ou duas vezes de Agathe em termos pouco lisonjeiros e eu não protestei.

Que criatura eu fui!

Mas apesar de toda a fraqueza que mostrei, ainda me sinto com força bastante para vislumbrar o fim de tudo isto.

Tais coisas nunca mais acontecerão.

Terei o bom senso suficiente para fugir quando estiver fora de combate.

A partir deste domingo à noite, nunca mais terei uma sessão com miss Penelosa - nunca mais.

Renunciemos às experiências, deixemos assim as pesquisas; tudo é preferível à obrigação de enfrentar esta tentação monstruosa que me faz descer tão baixo!

Não disse nada a miss Penelosa, mas manter-me-ei simplesmente afastado.

Ela há-de compreender a razão sem que eu precise de dizer uma palavra.

7 de Abril. Fiquei em casa, como disse.

Que pena perder um estudo tão interessante, mas que pena também arruinar a minha existência, e ser que diante desta mulher já não sou senhor de mim.

11 da noite. Que Deus me acuda! Que se passa comigo.

Estou a enlouquecer?

Procuremos manter a calma e raciocinar um pouco.

E em primeiro lugar vou anotar exactamente o que se passou.

Eram perto das oito horas quando escrevi as linhas com que este dia do meu diário começa.





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