A Princesa da Babilónia - Cap. 3: Capítulo 3 Pág. 17 / 82

Aldeia, que era a franqueza em pessoa, assim falou àquele príncipe:

- Não odeio a minha prima, embora seja mais bonita do que eu e esteja destinada ao trono de Babilônia: a honra de vos agradar me serve de atrativos. Prefiro a Cítia convosco à coroa de Babilônia sem vós; mas essa coroa me pertence de direito, se há direitos no mundo: pois sou do ramo mais antigo de Nemrod, e Formosante do mais novo. Seu avô destronou o meu e fê-lo morrer.

- Tal é então a força do sangue na casa de Babilônia! - disse o cita. - Como se chamava o vosso avô?

- Chamava-se Aldeia como eu. Meu pai tinha o mesmo nome; foi relegado para os confins do império, com a minha mãe; e Belus, após a morte deles, nada temendo de mim, resolveu educar-me junto com a sua filha. Mas decidiu que eu jamais me casasse.

- Quero vingar vosso pai, e vosso avô, e a vós - disse o rei dos Citas. - Garanto-vos que casareis; virei raptar-vos depois de amanhã, pela madrugada, pois amanhã devo jantar com o rei de Babilônia, e voltarei para sustentar vossos direitos com um exército de trezentos mil homens.

- Muito o desejo - disse a bela Aldeia.

E, após haverem trocado sua palavra, separaram-se. Fazia muito que a incomparável Formosante fora deitar-se. Mandara colocar junto ao leito uma pequena laranjeira num vaso de prata, para que o seu pássaro ali repousasse. Os cortinados estavam fechados, mas a princesa não tinha nenhuma vontade de dormir. Seu coração e sua imaginação se achavam demasiado alerta para isso, O encantador desconhecido estava diante de seus olhos; via-o disparar uma flecha com o arco de Nemrod; via-o cortar a cabeça do leão; ela recitava o seu madrigal; via-o enfim escapar-se da multidão, montado no seu unicórnio; então rebentava em soluços e exclamava entre lágrimas:





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