A Princesa da Babilónia - Cap. 6: Capítulo 6 Pág. 46 / 82

»Antes dela, homens infelizmente poderosos mandavam tropas de assassinos devastarem populações desconhecidas, que assim regavam com o seu próprio sangue a herança que haviam recebido dos pais; chamavam a esses bandidos de heróis; a sua atrocidade chamava-se glória. Outra glória tem a nossa soberana: fez marchar exércitos para disseminar a paz, para impedir que os homens se prejudicassem, para os forçar a suportarem-se uns aos outros; e seus estandartes foram os da concórdia pública.

A fênix, encantada do que ouvia, disse ao seu interlocutor:

- Senhor, faz vinte e sete mil novecentos anos e sete meses que estou neste mundo; e ainda nada vi que se compare ao que acaba de dizer-me.

Pediu-lhe novas de seu amigo Amazan; o cimério contou-lhe as coisas que haviam dito à princesa entre os chineses e os citas. Amazan fugia de todas as Cortes que visitava logo que alguma dama lhe marcava um encontro a que temia sucumbir. A fênix logo informou a princesa dessa nova prova de fidelidade que lhe dava Amazan, fidelidade tanto mais espantosa quanto não podia ele suspeitar que a princesa viesse um dia a sabê-lo.

Partira para a Escandinávia. Foi nesses climas que novos espetáculos o impressionaram. Aqui a realeza e a liberdade subsistiam juntas, por um acordo que pareceria impossível em outros Estados: os agricultores tinham parte na legislação, bem como os grandes do reino; e um jovem príncipe dava as maiores esperanças de ser digno de governar uma nação livre. E nisso havia algo de mais estranho: o único rei que tinha direito despótico sobre a sua terra, por um contrato formal com o seu povo era ao mesmo tempo o mais jovem e o mais justo dos reis.

Entre os samatras, Amazan viu um filósofo no trono; podia ser chamado o rei da anarquia, pois era chefe de cem. mil pequenos reis, um só dos quais podia, com uma palavra, anular as resoluções de todos os outros.





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