A maioria dos legisladores tiveram um gênio estreito e despótico, que confinou sua visão aos países que governaram; cada qual considerou seu povo como o único sobre a face da terra, ou como destinado a ser inimigo do resto da terra. Formaram instituições para esse único povo, introduziram usos para ele só, estabeleceram uma religião só para ele. É assim que os egípcios, tão famosos por montões de pedras, se embruteceram e desonraram com as suas superstições bárbaras. Julgam profanas as outras nações, não se comunicam com elas, e, com exceção da Corte, que às vezes se eleva acima dos preconceitos vulgares, não há um egípcio que queira comer num prato de que já se haja servido um estrangeiro. Seus sacerdotes são cruéis e absurdos. Melhor seria não ter leis e só escutar a natureza, que gravou nos nossos corações os caracteres do justo e do injusto, do que submeter a sociedade a leis tão insociáveis.
»A nossa imperatriz alimenta projetos inteiramente opostos; considera o seu vasto Estado, sobre o qual todos os meridianos vêm juntar-se, como correspondente a todos os povos que habitam sob esses diversos meridianos. A primeira de suas leis foi a tolerância de todas as religiões e a compaixão por todos os erros. Seu poderoso gênio reconheceu que, se os cultos são diferentes, a moral é por toda parte a mesma; por esse princípio, ligou sua nação a todas as nações do mundo, e os cimérios olham o escandinavo e o chinês como seus irmãos. Fez mais: quis que essa preciosa tolerância, o primeiro elo dos homens, se estabelecesse entre os Estados vizinhos; assim mereceu o título de mãe da pátria, e terá o de benfeitora do gênero humano, se perseverar.