A Princesa da Babilónia - Cap. 9: Capítulo 9 Pág. 61 / 82

- Deve possuir o universo inteiro, por direito divino - respondeu-lhe um dos violetas, - e até houve tempo em que os seus predecessores se aproximaram da monarquia universal; mas os seus sucessores têm hoje a bondade de contentar-se com algum dinheiro que os reis seus súditos lhes pagam em forma de tributo.

- O seu senhor é então, de fato, o rei dos reis? Não é esse o seu título?

- Não, Excelência, o seu título é servo dos servos; é originariamente pescador e porteiro, e eis por que os emblemas da sua dignidade são chaves e redes; mas continua dando ordens a todos os reis. Não faz muito, enviou cento e um mandamentos a um rei do país dos celtas, e o rei obedeceu.

- O seu pescador - disse Amazan - enviou então quinhentos ou seiscentos mil homens para fazer executar as suas cento e uma disposições?

- De forma alguma, Excelência; o nosso santo senhor não é suficientemente rico para pagar dez mil soldados; mas dispõe de quatrocentos a quinhentos mil profetas divinos distribuídos pelos outros países. Esses profetas de todas as cores são, como é razoável, alimentados à custa do povo de cada nação; anunciam da parte do céu que o meu senhor, com as suas chaves, pode abrir e fechar todos os cadeados, e principalmente os dos cofres fortes. Um padre normando, que tinha junto ao rei de que lhe falo o cargo de confidente, convenceu-o de que devia obedecer, sem tugir nem mugir, às cento e uma deliberações de meu senhor; pois é bom saber que uma das prerrogativas do Velho das Sete Colinas é a de ter sempre razão, seja falando, seja escrevendo.

- Sim senhor! Que homem mais singular! - exclamou Amazan. - Teria curiosidade de jantar com ele.





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