Explicaram-lhe então muito divertidamente e com gestos muito cômicos, segundo o seu costume, de que coisa se tratava. Amazan ficou perplexo: "Tenho viajado - disse ele, - mas nunca ouvira falar de tal fantasia".
Depois de cantarem bastante, o Velho das Sete Colinas chegou, em pomposo cortejo, à porta do templo; cortou o ar em quatro com o polegar erguido, dois dedos estendidos e os dois outros dobrados, dizendo estas palavras em uma língua que ninguém mais falava. À cidade e ao universo. O gangárida não conseguia compreender que dois dedos pudessem alcançar tão longe.
Viu logo desfilar toda a corte do senhor do mundo: compunha-se de graves personagens, uns de vermelho, outros de violeta; quase todos fitavam o belo Amazan com olhos dengosos; faziam-lhe reverências e diziam entre si: San Martino, che bel ragazzo! San Pancratio, che bel fanciullo!
Os ardentes cujo ofício consistia em mostrar aos estrangeiros as curiosidades da cidade, empenharam-se em fazê-lo ver construções onde um arrieiro não desejaria passar a noite, mas que tinham sido outrora dignos monumentos da grandeza de um povo-rei. Viu ainda quadros de duzentos anos e estátuas de mais de vinte séculos, que lhe pareceram obras-primas.
- Ainda fazem obras assim?
- Não, Excelência - respondeu-lhe um dos guias, - mas desprezamos o resto do mundo porque conservamos essas raridades. Somos uma espécie de adelos que nos orgulhamos das velhas roupas que ficaram em nosso estabelecimento.
Amazan mostrou desejo de ver o palácio do príncipe; levaram-no até lá. Viu homens de violeta que contavam o dinheiro das rendas do Estado: tanto de uma terra situada à margem do Danúbio, tanto de outra à margem do Loire, ou do Guadalquivir, ou do Vístula.
- Oh! Oh! - exclamou Amazan, após haver consultado a sua carta geográfica, - o seu senhor possui então toda a Europa, como esses antigos heróis das sete montanhas?