Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 10: A CRUZ MUTILADA

Página 112
Para ameigar-te

Este ar húmido e gélido a segure

Não foi ferir do bosque o rei. Do Estio

No ardor canicular nunca disseste:

«Dai-me, sequer, do bravo medronheiro

O desprezado fruto!» O teu vestido

Era o musgo, que tece a mão do Inverno

E Deus criou para trajar as rochas.

Filha do céu, o céu era o seu tecto,

Teu escabelo o dorso da montanha.

Tempo houve em que esses braços te adornava

C’roa viçosa de gentis boninas,

E o pedestal te rodeavam preces.

Ficaste em breve só, e a voz humana

Fez, pouco a pouco, junto a ti silêncio.

Que te importava? As árvores da encosta

Curvavam-se a saudar-te, e revoando

As aves vinham circundar-te de hinos.

Afagava-te o raio derradeiro,

Frouxo do Sol ao mergulhar nos mares,

E esperavas o túmulo. O teu túmulo

Devera ser o seio destas serras,

Quando, em génesis novo, à voz do Eterno

Do orbe ao núcleo fervente, que as gerara,

Elas nas fauces dos volcões descessem.

<< Página Anterior

pág. 112 (Capítulo 10)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Harpa do Crente
Páginas: 117
Página atual: 112

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
A SEMANA SANTA 1
A VOZ 32
A ARRÁBIDA 35
MOCIDADE E MORTE 56
DEUS 71
A TEMPESTADE 76
O SOLDADO 82
D. PEDRO 92
A VITÓRIA E A PIEDADE 96
A CRUZ MUTILADA 106