Nesta mesma ocasião dois guerreiros também rivais, mas rivais por um afecto mais violento ainda que a ambição, haviam visto enfim satisfeito o seu ódio encontrando-se. Ao pé deles nesse momento só combatiam peões. Egas, com a tenacidade de um demónio, com a prudência tranquila de um rancor implacável, se esquivara a todos os grandes riscos da batalha, espiando o instante em que Garcia Bermudes, arrastado pela ebriedade do combate, se afastasse dos cavaleiros aragoneses que o seguiam. Este instante chegou: o alferes-mor correra ao meio de uma ala de besteiros que recuava diante dos fundibulários da beetria de Gontingem. Alguns golpes do seu montante deviam bastar para afastarem aquela nuvem de peões desordenados. Um cavaleiro, porém, semelhante ao nebri que se arroja sobre a preia, se dirigia para ele a todo o correr do cavalo. Parando, o esforçado Garcia esperou-o a pé firme. Sem saber porquê, o coração batia-lhe apressado.
Era Egas. A pouca distância do alferes-mor o guerreiro sofreou o ginete, como se aspirasse o cheiro do sangue que ia correr, como sorrindo à ideia de que naquele lugar a morte teria uma nobre vítima. Ele ou Garcia? Que lhe importava? Um ou outro. Para o que perecesse como para o que triunfasse, o dia seguinte tinha de ser um dia de repouso e de paz.