Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 16: Apêndice

Página 182

Havia instantes que este reinava, quando se viu caminhar para a borda do estrado um pajem dos muitos que estavam por detrás do escano de Fernando Peres. Trazia pendurada a tiracolo uma pequena buzina. A um aceno do conde, de quem não despregava os olhos, pô-la à boca e tirou um som lento e triste. Os cavaleiros abaixaram as lanças, curvando-se para a cabeça dos cavalos e cobrindo-se com os escudos. A um segundo aceno, o pajem repetiu o som da buzina com igual lentidão. Quando acabou, os cavaleiros precipitaram-se uns para os outros. Eram valentes homens de guerra não só do condado de Portugal e Coimbra, mas também de Galiza e de Aragão. Os dez do lado das torres eram dos primeiros; os da parte da corte eram dos segundos. Quando toparam uns nos outros, os rolos de pó alevantado debaixo dos pés dos cavalos toldavam o ambiente e mal deixavam enxergar aquela mó de homens e ginetes como envoltos numa nuvem. Quando a cena aclarou e os vencedores recuaram para não pisarem os vencidos, viram-se estendidos no chão sem sentidos, ou tentando erguer-se, nove cavaleiros. Dos portugueses apenas quatro tinham deixado de ser derribados. O desastre, porém, não fora para o seu bando tão grande como parecia: a um caíra o cavalo com a força do encontro; três tinham sido precipitados com as selas entre as pernas. Estas circunstâncias reputavam-se, e com razão, como um notável desconto na glória e nos desaires dos torneios. Todavia o murmúrio de descontentamento, que sussurrou entre as turbas apinhadas, e os aplausos, que partiram de alguns dos personagens que rodeavam a infanta-rainha e o conde de Trava, mostravam bem que decisiva fora no primeiro recontro a vantagem dos aragoneses e galegos contra os cavaleiros portugueses.

<< Página Anterior

pág. 182 (Capítulo 16)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Bobo
Páginas: 191
Página atual: 182

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Introdução 1
II - Dom Bibas 8
III - O Sarau 18
IV - Receios e esperanças 27
V - A madrugada 38
VI - Como de um homenzinho se faz um homenzarão 45
VII - O homem do zorame 59
VIII - Reconciliação 66
IX - O desafio 80
X - Generosidade 90
XI - O subterrãneo 97
XII - A mensagem 110
XIII - A boa corda de cânave de quatro ramais 123
XIV - Amor e vingança 141
XV - Conclusão 157
Apêndice 173