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Capítulo 6: VI - Como de um homenzinho se faz um homenzarão

Página 58

Então o excesso do terror e da desesperação produziu naquele espírito, onde por anos se desenvolvera e alimentara constante irritação, uma destas revoluções morais em que, no meio de tormentosa crise, o homem se transmuda em outro homem. Ergueu-se, e com gesto desvairado bradou:

– Está bom! Ninguém se compadece de mim! Serei açoutado como um vil servo judeu! O bobo receberá essa afrontosa pena; mas ele se converterá num demónio...

Neste ponto Martim Eicha, que cruzava o limiar da porta, voltou os olhos e fitando-os no bufão deu uma risada. A seguiu, cerrando os punhos e mordendo-os: – Ris, vil renegado?!

Ris, alcaiote paceiro?! Um dia virá em que chores!... Vamos, escravos! À risca as ordens do conde covarde!

Dizendo isto, o bobo, com passo firme e no meio dos dois donzéis que nunca o haviam largado, atravessou o corredor escuro. Daí a pouco, em um pátio interior, ouviam-se-lhe os gritos dolorosos por entre o som dos açoutes, e apupos e gargalhadas de pajens, sergentes e cavalariços.

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pág. 58 (Capítulo 6)

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Capa do livro O Bobo
Páginas: 191
Página atual: 58

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Introdução 1
II - Dom Bibas 8
III - O Sarau 18
IV - Receios e esperanças 27
V - A madrugada 38
VI - Como de um homenzinho se faz um homenzarão 45
VII - O homem do zorame 59
VIII - Reconciliação 66
IX - O desafio 80
X - Generosidade 90
XI - O subterrãneo 97
XII - A mensagem 110
XIII - A boa corda de cânave de quatro ramais 123
XIV - Amor e vingança 141
XV - Conclusão 157
Apêndice 173