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Capítulo 3: Capítulo 3

Página 11

Acha-se desapontado o leitor com a prosaica sinceridade do A. destas viagens. O que devia ser uma estalagem nas nossas eras de literatura romântica? — Suspende-se o exame desta grave questão para tratar, em prosa e verso, um mui difícil ponto de economia política e de moral social. — Quantas almas é preciso dar ao Diabo, e quantos corpos se têm de entregar no cemitério para fazer um rico neste mundo. — Como se veio a descobrir que a ciência deste século era uma grandessíssima tola. — Rei de facto, e rei de direito. — Beleza e mentira não cabem num saco. — Põe-se o A. a caminho para o pinhal da Azambuja.

VOU desapontar decerto o leitor benévolo; vou perder, pela minha fatal sinceridade, quanto em seu conceito tinha adquirido nos dois primeiros capítulos desta interessante viagem.

Pois que esperava ele de mim agora, de mim que ousei declarar- me escritor nestas eras de romantismo, século das fortes sensações, das descrições a traços largos e incisivos que se entalham na alma e entram com sangue no coração?

No fim do capítulo precedente parámos à porta de uma estalagem: que estalagem deve ser esta, hoje, no ano de 1843, às barbas de Vítor Hugo, com o doutor Fausto a trotar na cabeça da gente, com os Mistérios de Paris nas mãos de todo o mundo?

Há paladar que suporte hoje a clássica posada do Cervantes com seu mesonero gordo e grave, as pulhas dos seus arrieiros, e o mantear de algum pobre lorpa de algum Sancho! Sancho, o invisível rei do século por quem hoje os reis reinam e os fazedores de leis

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Capa do livro Viagens na minha terra
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Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 7
Capítulo 3 11
Capítulo 4 15
Capítulo 5 19
Capítulo 6 23
Capítulo 7 29
Capítulo 8 34
Capítulo 9 37