Prolegómenos dramático-literários, que muito naturalmente levam, apesar de alguns rodeios, ao retrospecto e reconsideração do capítulo antecedente. — Livros que não deviam ter título, e títulos que não deviam ter livro. — Dos poetas deste século. Bonaparte, Rothschild e Sílvio Pélico. — Chega-se ao fim destas reflexões e à ponte da Asseca. — Tradução portuguesa de um grande poeta. — Origem de um ditado. — Junot na ponte da Asseca. — De como o A. deste livro foi jacobino desde pequeno. — Enguiço que Ihe deram. — A duquesa de Abrantes. — Chega-se enfim ao Vale de Santarém.
VIVIA aqui há coisa de cinquenta para sessenta anos, nesta boa terra de Portugal, um figurão esquisitíssimo que tinha inquestionavelmente o instinto de descobrir assuntos dramáticos nacionais — ainda, às vezes, a arte de desenhar bem o seu quadro, de lhe grupar, não sem mérito, as figuras: mas, ao pô-las em acção, ao colori-las, ao fazê-las falar... boas-noites! era sensaboria irremediável. Deixou uma colecção imensa de peças de teatro que ninguém conhece, ou quase ninguém, e que nenhuma sofreria, talvez, representação; mas rara é a que não poderia ser arranjada e apropriada à cena.
Que mina tão rica e fértil para qualquer mediano talento dramático! Que belas e portuguesas coisas se não podem extrair dos treze volumes — são treze volumes e grandes! — do teatro de Énio-Manuel de Figueiredo! Algumas dessas peças, com bem pouco trabalho, com um diálogo mais vivo, um estilo mais animado, fariam comédias excelentes.