Chega o A. ao pinhal da Azambuja, e não o acha. — Trabalha-se por explicar este fenómeno pasmoso. Belo rasgo de estilo romântico. — Receita para fazer literatura original com pouco trabalho. — Transição clássica: Orfeu e o bosque de Ménalo. — Desce o A. destas grandes e sublimes considerações para as realidades materiais da vida: é desamparado pela hospitaleira traquitana e tem de cavalgar na triste mula de arrieiro. — Admirável chouto do animal. Memórias do marquês do F. que adorava o chouto.
ESTE é que é o pinhal da Azambuja? Não pode ser. Esta, aquela antiga selva, temida quase religiosamente como
um bosque druídico! E eu que, em pequeno, nunca ouvia contar história de Pedro de Malas-Artes, que logo, em imaginação, lhe não pusesse a cena aqui perto!... Eu que esperava topar a cada passo com a cova do capitão Roldão e da dama Leonarda!... Oh! que ainda me faltava perder mais esta ilusão...
Por quantas maldições e infernos adornam o estilo dum verdadeiro escritor romântico, digam-me, digam-me: onde estão os arvoredos fechados, os sítios medonhos desta espessura. Pois isto é possível, pois o pinhal da Azambuja é isto?... Eu que os trazia prontos e recortados para os colocar aqui todos os amáveis salteadores de Schiller, e os elegantes facinorosos do Auberge-des-Adrets, eu hei- de perder os meus chefes-de-obra! Que é perdê-los isto — não ter onde os pôr!...