Na tua garganta, branca
Como a nuvem da manhã,
E onde vejo a cor vermelha
Dum baguinho de romã,
Tens ocultos, doce amiga,
Mel silvestre do arvoredo,
E a voz saudosa do vento
Que à noite geme um segredo,
E toda a unção de Maria,
E os murmúrios da espessura,
E a longa harmonia flébil
Que nos desce lá da altura!
Tu tens na tua garganta
Uma colmeia de mel;
Canta-se lá noite e dia...
São as veigas d'Israel...
Em teu peito canta um ninho
De maviosos rouxinóis,
Mal que se abrem sobre o mundo
De teus olhos os dois sóis!
E no ritmo de teus passos
É que minha alma se embala
Quando, a dormir, nos teus olhos
Adora, contempla... e cala!
XIII